Todos nós queremos um ano bom, começando ao som de trombeta imitando o Miles Davis. E teria que ser com direito a tudo: fogos, pirotecnia, efeitos especiais, trilha sonora, cenário de primeira, roteiro impecável (com imperfeições que ainda tornariam tudo mais perfeito), no melhor estilo “ó abre alas”, enredo Joãozinho Trinta, fantasia Evandro de Castro Lima, luz e som de show dos Rolling Stones, um desbunde. Eu sempre tive certeza de que havia mesmo algo de incrível nessa virada em algum lugar, uma conspiração secreta da vida, do destino, do insondável, esperando o momento certo para eclodir, simplesmente questão de tempo. Achei mesmo que lá pelas tantas, depois do choro, merdança, ranger de dentes, lágrimas, degustação, depois de ir ao inferno e abraçar não só o próprio, mas a família toda, saber o que é bonito, o que vale a pena, o que realmente importa, depois de saber o que esperar, aí viria a bonança, o ziriguidum, o lesco-lesco, o bem bom, depois ia ser aquilo de rebolar e atirar beijo, “ah, até que enfim!”, a vida sonho vida, concreta, palpável, coisa de viver e contar com zoinho brilhando, algo para fazer diferença para sempre, para nunca mais deixar de ser feliz, para justificar tudo, tudo, tudo vivido até ali, cada tropeço, cada acerto, cada bigornada na cabeça, cada curativo, e saimos inteiros.
O ano de 2005 foi assim. Só peço 2006 na mesma batida perfeita. Não precisa melhorar, senão estraga.
Pra vocês, meus queridos companheiros de viagem, desejo que o ano de 2006 tenha tudo isso, ou que tenha a fé na existência dessas coisas, que já faz um bem danado. Que as agruras, as dores, as tristezas, os rasgos na alma, os pedaços arrancados, as decepções e desilusões, sirvam para a gente contabilizar a passagem pela vida, já que ela só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.
Obrigada pela companhia.
Beijos. Tim-tim.
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