quinta-feira, maio 03, 2007

CACHAÇA



Faz Sucesso no Mundo

CACHAÇA
--------------------------------------------------------------------------------

Limão, açúcar, cachaça e muito gelo. Bastam esses quatro ingredientes para se preparar a famosa caipirinha, um dos drinques mais populares do Brasil. Presente em mais de 30 países, a cachaça, bebida típica brasileira, virou moda na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina graças à caipirinha, eleita pela revista americana In Stile “a bebida mais quente do século”. A moda pegou de tal maneira que, segundo anuários de comércio exterior, a cachaça figura como a terceira bebida destilada mais consumida no mundo.

Considerada exótica e de sabor muito especial, a caipirinha agrada em cheio aos europeus. Na Alemanha, por exemplo, o drinque ocupa o primeiro lugar entre os coquetéis feitos com destilados. Motivo que torna o país o principal comprador da bebida brasileira, responsável por 29% das nossas exportações. Na França, além da caipirinha de limão, a grande estrela é a batida feita com cachaça e maracujá - “la fruit de la passion”.
Obtida a partir do caldo-de-cana fermentado, a cachaça ganha cada vez mais adeptos no exterior, onde são consumidos 7 milhões de litros - volume que está crescendo. O Brasil está preparado para atender ao mercado externo. Afinal, anualmente saem de seus alambiques 1,3 bilhão de litros de aguardente, dos quais 30% produzidos por processo artesanal.

Garapa Doida
Silvio Romero, sergipano que foi Juiz de Direito em Paraty, RJ, terra da cachaça e do camarão, informa que a palavra garapa significa bebida e sua origem é africana. Já Teodoro Sampaio, tupinólogo negro, afirma que o termo é indígena, “corruptela de guarapa, gerundio-supino de guarab, bebida adoçada com mel ou açúcar para refresco: designa hoje mais especialmente o caldo de cana”.
O grande mestre Câmara Cascudo ensina que garapa é “a espuma fria decorrente da primeira fervura do caldo de cana-de-açúcar, a mesma que Piso e Jorge Maregrave conheceram como cachaça entre 1638 e 1644, em Pernambuco”. Ele observa que era, realmente, “mais garapa e quase nenhum teor alcoólico. A primeira escuma do caldo, que Antonil chamou de cachaça, era também garapa”. O Padre Simão de Vasconcelos cita entre os vinhos usados pelos índios do Brasil um “mel silvestre, ou de açúcar, o que chamou garapa”.
Durante o domínio holandês, no distrito da cidade de Olinda, no Recife, Pernambuco (1630 - 1654), existiu o imposto da garapa, cobrado de todos os que produziam e comercializavam tal produto. H. Capelo e R. Ivens, viajantes da África em 1881, na obra intitulada “De Benguela às Terras de Iaca”, registraram garapa como sinônimo de bombo e chibombo, uma espécie de cerveja africana, cerveja do mato, produto da infusão e da fermentação do milho. No Rio, até o fim do século passado, garapa denominava uma bebida fortemente alcoólica, feita de caldo de cana, mel de abelha e raspas de mandioca.
No dicionário editado por Pereira da Costa: “garapa – é uma bebida picante, fermentada, em outros tempos muito apreciada pelos africanos, apesar de provocar uma embriaguez imediata e forte.” O dicionário de Frei Domingos Vieira, editado em Lisboa, em 1873, explica garapa como termo do Brasil.
E ainda Câmara Cascudo identifica “garapa picada” como “o caldo da cana deixado para o dia seguinte”, que ele descobriu como bebida proibida no Recife em 1840. Para nós, garapa é apenas o caldo de cana-de-açúcar, extraído nas moendas.
A verdade é que o índio brasileiro tinha os seus vinhos, produtos de fermentações de frutas e raízes: o aluá e o cauí ou cauim. O português trouxe a cana-de-açúcar, o alambique, o processo de destilação e produziu uma bebida que chamou de jiribita, cachaça, cana, paraty, caninha, sapupara.
Mas o silvícola brasileiro continuou fermentando, fabricando suas bebidas alcoólicas. No Acre, o caboclo e o seringueiro, bebiam a garapa doida, que era o vinho fermentado do índio. Veio a cachaça e o homem do Acre continuou a chamar de garapa doida, de garapa azeda, o que não era mais só fermentado, mas também destilado.

Caipirinha não é Batida
Na metade do século passado, nas propriedades rurais do interior paulista, peão que chegasse da lida molhado de chuva, fosse qual fosse o seu trabalho, não dormia sem tomar remédio para gripe.
E qual era a receita desse remédio? Anote aí: uma dose generosa de pinga (da boa), um limão galego cortado em tiras finas, uma colher de sopa de mel, três folhas de hortelã fresca e dois dentes de alho descascados.
O limão galego cortado em tirinhas era esmagado num copo junto com o mel, as folhas de hortelã e os dentes de alho. Depois juntava-se a pinga e estava pronto o remédio. Era tiro e queda: gripe passava longe de quem se tratava com essa beberragem.
O efeito colateral também era tiro e queda: neguinho tomava uma “lapada” (copo cheio) do tal “remédio” e dormia a noite inteira feito um anjinho. Tinha gente que gostava mais desse lado do efeito e rezava pra chover todo dia.
Com o passar do tempo os dois últimos ingredientes foram simplesmente eliminados da receita, e o mel foi substituído por uma colher de sopa de açúcar. Acrescentaram duas pedras de gelo e o que era remédio transformou-se num drinque muito apreciado.
Há segredos para se preparar uma caipirinha realmente boa.
Por exemplo, substituir o açúcar por adoçante artificial sempre vai deixar um gostinho estranho. Caipirinha e dieta não combinam. Use açúcar branco refinado, mais solúvel que o cristal.
Fazer uma jarra de caipirinha pode ser muito prático. Mas, se ela não for consumida com rapidez (toda a jarra!), o sabor da bebida vai ficar prejudicado. Culpa do suco de limão que fica amargo quando exposto durante muito tempo ao oxigênio do ar.
Use copos baixos e largos, do tipo usado para uísque. A bebida tem de ser preparada e servida no mesmo recipiente e essa é a medida ideal para que não fique amarga.
E, por último, nunca esqueça: caipirinha não é batida. As batidas também levam cachaça e frutas (pode até ser limão), mas são preparadas no liquidificador ou na coqueteleira. Caipirinha é amassada no copo. E fim de papo!

Nenhum comentário: